Dados estão disponíveis no Boletim de Vigilância em Saúde
CARATINGA – O Departamento de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Caratinga divulgou o Boletim de Vigilância em Saúde. Trata-se de uma publicação quadrimestral de caráter técnico/científico, livre acesso e publicado em formato pdf com finalidade de servir de instrumento de vigilância na divulgação de informações relevantes e dados epidemiológicos aos profissionais de saúde do município e o público em geral. A intenção é contribuir com orientações e ações de saúde pública, análise da situação epidemiológica de agravos e doenças de notificação, relatos de investigação e de outros temas.
Nesta edição, o Boletim de Vigilância em Saúde apresenta o perfil epidemiológico das leishmanioses no município de nos últimos 10 anos. Traz informações sobre a implantação da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora (CISTT), sobre prevenção da febre maculosa e dados estatísticos das doenças de notificação Compulsória nos meses de janeiro a junho de 2017.
Perfil Epidemiológico das Leishmanioses
Segundo o Boletim de Vigilância em Saúde, a leishmanioses têm acometido a população de Caratinga ao longo do tempo devido à “falta de condições socioeconômicas, principalmente pela carência de saneamento básico, aliada à degradação ambiental”. O Departamento de Epidemiologia ainda levantou dados que enfatizam que desde meados da década de 60, tem sido desenvolvido na região um trabalho voltado ao combate das leishmanioses. “Trabalho iniciado pelos pesquisadores Dr. Wilson Mayrink e Dr. Paulo Araújo Magalhães. Entre 1965 a 1971 foram diagnosticados aproximadamente 360 casos de leishmaniose visceral somente no município de Caratinga. No mesmo período foram examinados cães, sendo sacrificados 7%, tal medida contribuiu na redução da doença na região”.
Conforme o Departamento, atualmente a média anual é de 25 casos notificados de leishmaniose tegumentar em Caratinga. Entretanto, nos últimos 10 anos foi registrado aumento de 87% no número de casos notificados. “A leishmaniose tegumentar em Caratinga se caracteriza como uma doença ocupacional em virtude de acometer principalmente indivíduos do sexo masculino em fase produtiva associado ao trabalho rural. Temos dois padrões de transmissão: um rural relacionado com o indivíduo em contato com o ambiente silvestre e um periurbano, no qual os flebotomíneos são encontrados nas imediações dos domicílios. Destacamos os córregos: Volta Grande, São Manoel e Emboque (ambos localizados no distrito de Patrocínio) como o principal foco da doença no município”.
Entre os anos de 2007 a 2016 foram notificados 11 casos de leishmaniose visceral, tendo um caso confirmado no ano de 2015. Foram realizados pelo Setor de Controle de Endemias 2.610 testes rápidos para leishmaniose visceral canina no período de 2013 a 2016, sendo que quatro cães foram diagnosticados com a doença. “Acreditamos que a leishmaniose visceral em Caratinga encontra-se silenciosa, uma vez que temos um alto índice de infestação do vetor, notadamente, na zona rural do município. No último mês de agosto, uma equipe do Departamento de Epidemiologia realizou uma investigação no Córrego Volta Grande com a finalidade de pesquisar sobre a ocorrência da leishmaniose tegumentar na localidade. Na ocasião, foi verificado in loco um grande número de cães com manifestação clínica para leishmaniose. Em todas as propriedades visitadas foram encontrados animais com a doença e histórico de casos humanos da doença. Durante a investigação foram realizados 20 testes rápidos para leishmaniose visceral canina, todos os 20 casos negativados”.
Registro de Doenças de Notificação Compulsória