Talento e estratégia garantiram medalhas a estudantes da região na Olimpíada Brasileira de Matemática
CARATINGA/INHAPIM- O resultado da 13ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e Privadas (OBMEP) trouxe para a região duas medalhas de ouro, quatro medalhas de prata e 25 medalhas de bronze. Em Inhapim, o ouro foi garantido pelo aluno Leonardo Torres, da Escola Estadual Querobino Marques de Oliveira, situada à BR 116, KM 495- Vila Marques. Já em São João do Jacutinga, distrito de Caratinga, os irmãos Diogo Emanuel Rodrigues Cupertino e Vitor Emanuel Rodrigues Cupertino, que estudam na Escola Estadual Mary Lucca Chagas, ganharam as medalhas de ouro e bronze, respectivamente.
OURO POR DUAS VEZES
Leonardo Torres Silva tem 13 anos de idade. Agora ele acumula duas medalhas de ouro na OBMEP, pois já havia tido o excelente resultado em 2016. Para a família, o garoto tem um talento especial e facilidade de aprendizado.
“Desde pequeno, sempre gostei de números. Sempre aprendi a contar muito bem. A matemática é mais dinâmica”. É mais legal fazer as fórmulas, define Leonardo, que também explica que gosta da disciplina Ciências.
Apesar da experiência acumulada do ano passado, Leonardo estudou para fazer as provas e recomenda: “Eu entrei no site da OBMEP e fiz todas as provas anteriores. Acho que é o melhor estudo que tem da segunda fase. Para conhecer melhor como funciona”.
Ao falar dos resultados, o estudante faz questão de valorizar o apoio que recebeu da escola e não tem dúvidas se participará de outras edições da prova. “Ano passado, quando estava no 6° ano eu não esperava que fosse premiado. Esse ano eu já pretendia. Tive muito apoio dos professores, eles me ajudam demais. A escola incentiva muito. Claro que vou continuar participando”.
O desempenho de Leonardo chamou atenção e ele foi convidado para participar da Fase Única da Olimpíada Brasileira de Matemática, que aconteceu ontem. Em conversa com a reportagem na tarde de sexta-feira (24) ele falou sobre suas expectativas. “Caso eu passe, irei participar das Olimpíadas Internacionais. Mas, vamos ver se eu ganho alguma coisa (risos). De qualquer forma já é uma experiência”.
Orgulhosa, Silvia Torres de Azeredo Silva, que é mãe de Leonardo mostra que realmente o talento vem de família. “Tenho uma filha fazendo Ciências Contábeis na UFJF, campus Governador Valadares. Ela sempre fez a OBMEP e sempre ganhou menção honrosa todo ano. Uma vez ela ganhou a de ouro, mas tiraram dela, porque veio a prova da fase errada pra ela fazer. E é o ano que ela tinha mais estudado e preparado”.
O apoio dado em casa tem sido fundamental para que o garoto permaneça nos estudos e Silvia confessa que o alto nível de desempenho do filho te surpreendeu. “Incentivo, pego no pé: ‘Está estudando Leonardo?’. Ele está com o celular na mão. Pode perguntar para ele se não é assim, ele está jogando ou está estudando. Porque assiste aula e vídeos na internet também. Ano passado ele conseguiu a medalha, ganhou a bolsa do PIC (Programa de Iniciação Científica), tinha uma aula por semana. Mas, é o esforço dele que fica ali fazendo as provas, refazendo, estudando. Eu achava que ele não ia ser concentrado assim não (risos), porque desde pequeno ele não ficava quieto, sempre foi agitado. Eu pensava, como esse menino vai aprender na escola. E ele só de escutar aprende. Tem um talento especial em todas as matérias, tudo que a professora fala entra na cabeça e guarda”.
Angela Aparecida Barboza Nunes, diretora da Escola Estadual Querobino Marques de Oliveira, comemora os resultados dos alunos. “Trabalho nessa escola há 10 anos, fui professora de Educação Física da irmã do Leonardo, a Letícia. E quando a gente tinha um resultado era sempre menção honrosa, até 2015. A gente sempre fez faixa, divulgou, parabenizou os nossos alunos da melhor maneira que a gente pode. Faz um momento cívico, os coloca na frente, bate palmas. E o ano passado fomos abençoados com as medalhas do Leonardo, do Erlon e da Marina. Em 2015 tivemos nossa primeira medalha de prata da Mariana. Eles têm o mérito próprio deles, o que a escola faz é só um incentivo mesmo, a professora incentiva a todos os alunos”.
A diretora também fala sobre o rendimento de Leonardo na sala de aula. “Dentre esse universo de mais ou menos 100 alunos, temos alguns com talento natural, que é o caso do Leonardo, especial e outros muito determinados que querem correr atrás. Esse ano, graças a Deus, todos os nossos alunos que participaram receberam pelo menos uma menção honrosa. Nós estamos muito felizes. O Leonardo gosta e domina mesmo essa ciência dos números que desafia tanta gente”.
Além do trabalho na escola, os pais dos alunos contribuem para que eles se interessem pelo aprendizado. “O que faz realmente a diferença é o incentivo dos pais. Esses meninos têm apoio em casa. Os pais acreditam neles e determinam que eles vão ser no futuro alguma coisa que dependa da escola. Essa parceria escola e família é o segredo do sucesso”.
IRMÃOS PREMIADOS
Vitor e Diogo têm 14 e 12 anos, respectivamente. A diferença de idade não representa empecilho nos estudos, que eles fazem questão de compartilhar em casa. A união aliada à experiência de Vitor, que já havia ganhado uma medalha de bronze no ano passado, garantiu o sucesso no resultado desta edição.
Diogo participou da OBMEP pela primeira vez. Foi olhando o exemplo de Vitor e do irmão mais velho Lucas, que também tem habilidade com os números, ele se interessou. “Sempre gostei bastante de matemática, o Lucas começou fazer faculdade, então meu interesse foi aumentando. Sempre tive mais facilidade com a matemática, é divertido. Eu estudei pegando as provas antigas e fazendo para acostumar, meu irmão já tinha feito. Para quem vai fazer a prova é bom estudar pelas anteriores, estudar bastante, pelo site tem alguns vídeos que ajudam. A professora e a diretora nos ajudaram bastante também”.
Vitor também se empenhou para fazer a Olimpíada, mas se preocupou ainda em dar dicas a Diogo, para facilitar o aprendizado. “Sempre gostei de mexer com a matemática, é uma matéria legal, até com as outras tenho facilidade, mas ela é a melhor. Estudei para ganhar novamente, esse ano era nível dois, consegui a de bronze. A experiência ajudou, pois já participei do PIC, aprendi alguns métodos que inclusive passei para meu irmão. Para quem quer fazer a prova o site da OBMEP ajuda bastante, tenho outro também que é o portal da matemática, que dei uma olhada sobre a matéria”.
Sobre uma possível profissão que pretendem seguir, os irmãos afirmaram que gostam muito de mecânica.
Leila Aparecida Rodrigues, que é mãe dos meninos, afirma que os resultados obtidos refletem no empenho e na boa convivência entre eles. “Todos dois são muito bons, obedientes, muito educados, esforçados, não tem matéria que puxem para trás, os professores sempre elogiam muito, pois são bons alunos na escola. Então só tenho a agradecer a Deus, pela forma que agem não só em casa, mas na escola, com os colegas, professores. Peço sempre a eles, ganhou é bom, mas que não deixem de ser humildes, ajudar os colegas. Eles ganharam, tem o peso, todos criam expectativas. Mas graças a Deus são bons filhos e bons irmãos. Eles se dedicaram, é mérito deles também”.