Copasa pretende complementar abastecimento de Caratinga com captação no manancial da cidade vizinha. Moradores protestaram contra a obra
PIEDADE DE CARATINGA– Com cartazes e dizendo que o “Rio Preto é nosso”, moradores de Piedade de Caratinga protestaram na manhã de ontem na BR-474 contra a captação complementar de água no Rio Preto, anunciada pela Copasa para resolver os problemas de abastecimento de Caratinga. Foi interceptada a passagem de veículos em determinado trecho da rodovia.
Eunice Margarida de Souza disse que objetivo é conscientizar que, o que ela chama de “transposição do Rio Preto” irá prejudicar os moradores de Piedade de Caratinga. “Isso prejudicará e muito a população de Piedade, que vive da agricultura, principalmente o povo do Rio Preto. O próximo passo depois dessa transposição é a fiscalização do Meio Ambiente de Caratinga, vindo lacrar as bombas dos produtores, impedindo de plantar um pé de couve para comer. Vamos viver de que, se não tiver a água do Rio Preto para manter a população?”.
Ainda segundo Eunice, a Copasa só “usufruiu dos lucros e não investiu”. “A água estava indo toda embora esses dias e não fizeram nada, não captaram nada”.
Segundo o secretário de Agricultura, João Paulo de Paiva, a população não concorda com a forma como está conduzida a situação do abastecimento na região e que a Copasa não apresentou nenhum estudo técnico à população de Piedade, em relação a esta obra. “Existe um documento que é o plano municipal de saneamento básico, elaborado pelo Unec (Centro Universitário de Caratinga), que diz que a água de Piedade é suficiente para população urbana de Piedade, mas se for captar para Caratinga, é necessário novo estudo e acontecerá do meio rural entrar em crise”.
COPASA
No dia 5 de agosto de 2016, a Copasa confirmou as obras de captação do Rio Preto para garantir a “produção de mais 100 litros/segundo”, com a finalidade de complementar o abastecimento de Caratinga, “sempre que houver necessidade”. Compõem o projeto das obras uma barragem de nível, uma estação elevatória de água bruta e mais de 7 km de adutora, que levarão a água do Rio Preto até o ponto de captação no Córrego do Lage.
Inicialmente, no cronograma, a conclusão das obras estava prevista para outubro de 2017. O valor total está orçado em R$ 5,153 milhões, recurso que já teria sido assegurado pela Copasa.
Na coletiva de imprensa concedida na última sexta-feira (27), o gerente do distrito regional Caratinga, José Augusto Neves dos Reis esclareceu que não trata-se de uma transposição, como muitas pessoas dizem, pois será captado somente o necessário. A previsão é de que os serviços sejam concluídos no prazo de 10 meses. “Essa captação não vai ser para jogar no córrego do Lage, vai jogar diretamente no canal, que será utilizado para transportar água aqui para a estação de tratamento de esgoto. Às vezes a população lá fica apreensiva, que vamos tirar a água de um lugar e passar para o outro, não é isso. A gente vai tirar estritamente o necessário. Já temos aqui a outorga que foi publicada dia 1° de 100 litros por segundo e embora a gente entende que talvez não haja necessidade de se captar este valor. Quando a vazão baixa de 130 litros por segundo, existe a necessidade de ter um rodízio. Então, hoje, por exemplo, estamos com 116 litros por segundo, a gente captaria o necessário para complementar essa captação e sair do rodízio. Nesse caso, seria próximo de 14 litros para sair do rodízio, a gente continuaria com toda a nossa estratégia e não sacrificar o manancial”.
Em nota emitida ontem, a Copasa informou que começou a mobilização de pessoal e instalação do canteiro de obras para implantar a nova captação no Rio Preto, no município de Piedade de Caratinga. E que está agendada para 10 de novembro audiência pública naquela cidade para “dialogar com a população sobre o projeto, que tem por objetivo a complementação do abastecimento de Caratinga”.