CARATINGA- A Prefeitura de Caratinga emitiu, ontem, mais notas a respeito do caso da morte de uma bebê na Maternidade Grimaldo Barros de Paula. Os documento alegam quais foram os procedimentos tomados sobre o atendimento a gestante.
O CASO
Às 14h45 de quarta-feira (18), Franciele de Paula Cheregato, 18 anos, deu entrada na maternidade. Segundo informações da irmã Michele Simão, a jovem sentia fortes dores e estava em trabalho de parto. A equipe verificou o risco no parto da jovem que estava grávida de seis meses e identificou a necessidade de transferência para hospital em Belo Horizonte.
Franciele entrou na lista de transferência pelo ‘SUS Fácil’, mas, em meio à espera, foi aguardando a vaga que a gestante acabou dando à luz na manhã de quinta-feira (19). Maria Laura nasceu com seis meses de vida, pesando cerca de 700 gramas, mas em seguida, Franciele recebeu a notícia de que a recém-nascida acabou falecendo.
A família se mostrou inconformada com o ocorrido. “A bebê era tão linda. Infelizmente não tomaram nenhuma providência. Ela continua sangrando, mas disseram que isso é normal após o parto. Agora não precisa mais de vaga para transferência, não temos mais o bebê, fica a tristeza. Minha irmã está chorando o tempo todo, é difícil acreditar”, disse Michele, conforme matéria ‘Mulher dá à luz e bebê morre na maternidade de Caratinga’, publicada na edição de ontem.
NOTA
Incialmente, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Caratinga emitiu a seguinte nota sobre o assunto:
“A Secretaria de Saúde apurou o caso da paciente Franciele, 18 anos e no momento está formatando as informações. Previamente, adiantamos que a bebê veio a óbito, não pela ausência de UTI NEONATAL. Foi preparado para recebê-la, a estrutura que ela precisaria para ter estabilidade a partir dos equipamentos da UTI (atualmente desativada), e todo o acompanhamento e estabilidade seria coordenados pelo Dr. José Ferreira Baião, com 40 anos de experiência em pediatria.
Contudo, a bebê não tinha as características de reação e resposta para a vida (as características da bebê serão detalhadas em nota posterior), ao nascer foi submetida ao procedimento devido para estabilizar e, se respondesse a ele, seria submetida aos equipamentos que estabilizam o estado do bebê, para então ser levada para a UTI fora de Caratinga. Mas a bebê não tinha formação pulmonar e por isso e outras complicações provenientes de sua prematuridade extrema, ele não respondeu aos primeiros procedimentos.
Gerenciada pelo Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, a Maternidade Grimaldo Barros de Paula faz uma média de 1500 partos de baixo risco por ano. E partos na UTI a média foi de 60 por ano. Nos 100 anos de existência do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, a Maternidade funcionou por 91 anos sem a UTI NEONATAL, encaminhando seus pacientes de risco para outras cidades. A Secretaria de Saúde, no entanto, tem investido esforços para a reativação da UTI NEONATAL, o que já tem ocorrido não pelo fato desta semana, mas por já ser meta sua breve reativação.
Antes de ser internada a paciente foi orientada a ser atendida fora de Caratinga. Também foi informada que uma vez internada seria imediatamente cadastrada no sistema SUS Fácil, cuja resposta independe da administração da maternidade.
Em breve enviaremos informações complementares”.
NOTA COMPLEMENTAR
No decorrer da tarde de ontem, foi emitida nota complementar:
SOBRE O ATENDIMENTO INICIAL
“Antes de ser internada a paciente foi orientada a ser atendida fora de Caratinga. Também foi informada que uma vez internada seria imediatamente cadastrada no sistema SUS Fácil, cuja resposta independe da administração da maternidade”.
SOBRE O MOTIVO DO ÓBITO
“A bebê não tinha as características de reação nem de resposta para a vida. Na idade de 25 semanas e 6 dias a formação do pulmão não está completa, especialmente quando a bebê apresenta OUTROS sinais de involução. De moto que ainda que hajas batimentos, quando ela tenta respirar e o pulmão não está formado, o transito natural do ar ao ser inspirado, é bloqueado. Equipamentos da UTI neonatal foram preparados para receber e estabilizar a bebê sob a coordenação do Dr. José Ferreira Baião, com 40 anos de experiência em pediatria. Mas ela não respondeu aos primeiro procedimentos”.
CARACTERÍSTICAS QUE NA BEBÊ INDICAM PREMATURO DE INVIABILIDADE
“A criança quando nasce costuma ter uns pelinhos, ela não tinha nenhum pelo, ela não tinha o vernix caseoso que é formado a partir das 20 semanas de formação (uma espécie de gordurinha sobre a pele), o mamilo pra idade dela já deveria ter sido formado e no entanto não o tinha sido, a vagina da bebê o grande lábio era menor que o pequeno lábio, no caso dela ela estava com os pequenos lábios cobrindo os grandes lábios, que representa no contexto sinal de involução, também não tinha impressões digitais que começam a aparecer com 13 semanas, ela tinha 25 semanas e 6 dias. Durante o tempo que foram feitas as manobras habituais para a estabilizar, ela evacuou, o que representa que ela estava com sofrimento cerebral. Em casos como este, cerca de 70% vem a óbito logo ao nascer, esses outros 30% restante funciona assim: 20% fica com lesão grave, os outros 10% fica a metade com lesão moderada e os 5% que se desenvolvem normalmente. É triste o caso dela por que a leitura técnica de tudo que foi feito indica que a bebê nasceu mais morta do que viva”. (parecer do Dr. Baião).
“A viabilidade de prematuridade é a partir de 28 semanas, ele tinha 25 semanas e 6 dias, nesta idade o bebe não tem formação pulmonar o que resulta em insuficiência respiratória. O caso dela era de um prematuro extremo”.
SOBRE AS CONDIÇÕES UTERINAS DA MÃE
“Em março do ano passado (2016) a paciente perdeu o primeiro bebê com 20 semanas, considerado aborto tardio, pois ele já teria nascido morto.
A paciente não tem força muscular para manter fechada a passagem do bebê, sendo preciso ser feito uma cirurgia antes das 13 semanas para cercar a saída, acima de 13 semanas este procedimento coloca em risco a vida do bebê. A unidade 5, vai solicitar o retorno da paciente, afim de respaldá-la e acompanha-la na programação da próxima gestação, pois caso não tenha estes cuidados o próprio peso do bebê o lança para fora do útero”. (parecer da Dra. Marina M. Moura Faico).
NÚMEROS DE ATENDIMENTOS NO HOSPITAL
Gerenciada pelo Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, a maternidade faz uma média de 1500 partos de baixo risco por ano. E partos na UTI a média foi de 60 por ano. Nos 100 anos de existência do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, a maternidade funcionou por 91 anos sem a UTI, encaminhando seus pacientes de risco para outras cidades.
SOBRE A PREVISÃO DE REABERTURA DA MATERNIDADE
“Nós notificamos o hospital ontem (quinta-feira, 19) a reabertura da UTI neonatal e da UTI Adulto até dia 25 de outubro, as cirurgias até dia 1º de novembro. O hospital já está conversando com os pediatras e a previsão é na semana que vem já voltar a abertura da UTI neonatal. Nós temos nos reunido com o hospital periodicamente trabalhando o novo processo de contratualização já iniciado, aguardando somente a liberação do aporte financeiro por parte do Estado de Minas Gerais. Já está tudo negociado, tudo acertado, reabre na semana que vem.” (Parecer do Secretário de Educação – Wagner José Rodrigues Barbalho)