FILMES DE AÇÃO SEM CLICHÊS
Os filmes de ação tiveram seu auge na década de 80, com protagonistas carismáticos e que estrelavam inúmeras franquias, como Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Chuck Norris, dentre outros. O sucesso foi tão intenso que estes filmes estabeleceram uma fórmula para o gênero que era sinônimo de atrair multidões ao cinema. O surgimento destes clichês na ação foi algo que ocorreu também nos anos 90 com os filmes de comédia romântica e nos anos 2000 com filmes de terror (ao estilo “O Chamado”). As características do gênero são tão marcantes que Stallone reuniu sua trupe dos anos 80 e criou a franquia “Os Mercenários”, voltando novamente ao sucesso. Porém, temos outro direcionamento para o gênero, que não se utiliza muito dos clichês da ação, para contar uma história diferenciada e agradar mesmo a quem não é fã do gênero. Confira abaixo alguns exemplos.
KINGSMAN: SERVIÇO SECRETO
Reino Unido/2014
De Matthew Vaughn
Com Colin Firth, Taron Egerton, Mark Strong, Jack Davenport, Mark Hamill, Samuel L. Jackson, Michael Caine
Uma organização secreta recruta vários jovens para decidir quem ocupará o lugar de Lancelot, um agente morto recentemente. Dentre eles, está Eggsy, filho de um ex-agente. Enquanto isso, a organização enfrenta uma perigosa ameaça.
O filme é uma espécie de “Guardiões da Galáxia” dos filmes de espionagem. É recheado de sátiras e referências a filmes como a franquia James Bond, Identidade Bourne, Star Wars, Pulp Fiction e outros longas presentes na cultura pop. E tudo mergulhado no mais típico humor inglês, com um elenco que traz os cultuados Samuel L. Jackson e Mark Hamill.
Logo nas cenas iniciais, o personagem do eterno Luke Skywalker, o professor Arnold, corre perigo e o que vemos é um sucessão de cenas tipicamente de tramas de espionagem. Logo o espectador nota que o tom é a comédia, com várias cenas hilárias e criativas no decorrer da história.
Todo o elenco está muito bem, com destaque para o Galahad de Colin Firth (os membros da organização tem os codinomes de personagens da fábula do Rei Arthur!). A cena do jantar promovido pelo personagem de Samuel L. Jackson para Galahad já é antológica e com visíveis referências a Pulp Fiction.
O cineasta Matthew Vaughn prova que sabe fazer uma boa adaptação de história em quadrinhos, afinal já é a sua quarta empreitada em cinco filmes no currículo, com ótimos sucessos como X-Men: Primeira Classe. Desta vez, coloca mais um selo de qualidade a um gênero acostumado a levar multidões para o cinema.
SICARIO: TERRA DE NINGUÉM
EUA/2015
De Denis Villeneuve
Com Emily Blunt, Josh Brolin, Benicio Del Toro, Jon Bernthal
Uma agente do FBI é escalada para ajudar em uma operação contra o tráfico de drogas na fronteira entre Estados Unidos e México, ao lado de dois sujeitos misteriosos.
Indicado a 3 Oscar, de Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora e Melhor Edição de Som, o filme mostra a segurança do diretor canadense Denis Villeneuve em transitar por gêneros distintos e um ótimo elenco principal, com interpretações acima da média para um filme de ação.
Na trama, uma agente do FBI toda correta se compromete a entrar em uma investigação perigosa e ao mesmo tempo misteriosa, trabalhando junto de dois misteriosos homens, cujas intenções são obscuras. O espectador se põe no papel da protagonista, apreensiva com o que esperam dela na operação.
O filme tem ótimas cenas de ação e não hesita em mostrar cenas violentas e todos os detalhes que compõe uma investigação contra o narcotráfico. Além disso, o espectador ainda se intriga com o trio de protagonistas e o que esperar de cada um deles. A construção de cada personagem é digna de elogios e segura boa parte da trama.
“Sicario”, apesar de ter perdido o fôlego para indicações mais importantes no Oscar, mostrou mais um trabalho maduro do diretor Denis Villeneuve, que se firma como uma das maiores revelações do cinema atual.
O AGENTE DA U.N.C.L.E.
EUA-Reino Unido/2015
De Guy Ritchie
Com Henry Cavill, Armie Hammer, Alicia Vikander, Hugh Grant, Jared Harris, Elizabeth Debicki
Na década de 60, em plena Guerra Fria, o agente da CIA Napoleon Solo e o membro da KGB Illya Kuryakin precisam se unir contra uma organização secreta que planeja ter acesso a uma bomba nuclear.
Baseado em uma famosa série da década de 60, o filme de Guy Ritchie consegue mesclar bem características dos episódios originais com o estilo do diretor, juntando ação e humor com toques parecidos com os de Tarantino e usando técnicas como divisão de telas e trilha sonora que vai de encontro a cultura pop da época.
O trio de protagonistas é o grande trunfo do longa, com uma grande química entre eles. O pano de fundo histórico e as características de cada um são aproveitados para dar um tom mais sarcástico para a história. Os dois agentes, que aprenderam a ser inimigos, necessitam agora conviver juntos e a diferença de pensamentos, além da desconfiança mútua, acaba por atrapalhar essa união.
A história segue com uma rede de espionagem, misturando intrigas de personagens no qual não se pode confiar e cenas de ação espetaculares e excêntricas, tal como Guy Ritchie adora fazer. Como todo início de uma pretensa franquia, a história se divide entre contar as dificuldades da união dos protagonistas juntamente com o caso em que eles estão se metendo.
“O Agente da U.N.C.L.E.” consegue se diferenciar de outros filmes do gênero, algo bastante importante para consolidar de vez possíveis continuações.
Warny Marçano é blogueiro do WCinema (www.wcinema.blogspot.com), composto por resenhas de filmes e notícias em geral da sétima arte.
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