DA REDAÇÃO – A Polícia Civil capixaba abriu inquérito para investigar a morte do caratinguense Gustavo Borges Claudiano, 20 anos. O jovem morreu após participar de uma festa rave no último domingo (18) realizada numa chácara do Bairro Cidade Continental, na Serra. Segundo a Polícia Militar, um irmão e amigos de Gustavo contaram que ele estava na festa de música eletrônica Day Time Summer Party, “quando teria ingerido uma droga conhecida como “Pingo” e saiu alterado”.
Gustavo estava nu quando foi encontrado morto, por volta das 6 horas de segunda-feira (19). De acordo com a perícia da Polícia Civil, o corpo dele estava dentro de um valão, com aproximadamente 0,5 metro de profundidade, virado de barriga para baixo, e com machucados no tórax, no braço e na cabeça.
Os machucados no tórax e no braço são, segundo investigadores da Polícia Civil, referentes ao contato que ele teve com uma cerca da chácara, que é de madeira e arame farpado. Já o machucado da cabeça pode ter sido provocado pelo choque contra uma manilha que havia dentro do valão.
O irmão e os amigos de Gustavo contaram para os militares que todos estavam em uma festa de música eletrônica, que havia começado às 12h, em uma chácara, em Jardim Limoeiro, a cerca de 300 metros de onde o corpo foi encontrado, quando o vendedor teria ingerido a droga e ficou desnorteado.
Eles disseram que, pouco antes das 22h, Gustavo saiu gritando por uma porteira da chácara. Ele chegou a se jogar na frente de veículos que passavam pela Rodovia ES 010 e depois entrou na Chácara Novo Horizonte, onde funciona uma fábrica de chope.
“Ele bateu na porta da fábrica gritando ‘Deus, desculpa! Deus, tira as minhas fraquezas’. Então eu e meu pai saímos para ver o que estava acontecendo e perguntamos se ele queria ajuda, mas ele não quis falar com ninguém… saiu correndo para dentro do matagal, desesperado”, relatou o filho do caseiro da chácara, um estudante, 15, que mora na propriedade.
Após buscas pelo vendedor, o irmão e os amigos dele chegaram na chácara e na casa do estudante na manhã de segunda-feira (19). Eles perguntaram se a família tinha visto alguém passar por lá durante a noite e a madrugada e, como tinha visto Gustavo correr em direção ao matagal, o estudante saiu para procurá-lo, encontrando o corpo momentos depois.
Droga foi colocada em bebida, afirmam amigos
A possibilidade de que Gustavo tivesse ingerido a droga conhecida como ‘Gota’ ou ‘Pingo’ vai ser investigada pela Polícia Civil. No entanto, os próprios amigos dizem acreditar que ele tenha tomado sem saber.
“Provavelmente ele tomou sem saber, alguém deu ao Gustavo. Outro amigo também tomou achando que era água pura. Ele também passou mal, mas ficou mais calmo e tentamos normalizá-lo para levar pra casa”, contou Arthur Biancardi, 21 anos, amigo de Gustavo que estava com ele na festa.
Segundo Arthur, o vendedor já havia usado outra droga durante o evento. “Ele tinha tomado uma ‘bala’ (ecstasy), mas nada que o tirasse de si. Já usou em outras festas, normal”, pontuou o amigo.
Exames no Departamento Médico Legal (DML) vão verificar se houve ou não a ingestão dessas substâncias. Gustavo pode ter morrido de três formas: por ter ingerido a droga, ter batido a cabeça na manilha ou afogado no valão.
Amigo fala sobre Gustavo
Abalado com a perda do amigo, Arthur Biancardi foi um dos amigos que acompanhavam os irmãos de Gustavo na liberação do corpo do rapaz no Departamento Médico Legal (DML). Ele contou como foi o transtorno psicológico do amigo durante a festa.
Você percebeu se o Gustavo estava alterado?
Chegamos por volta das 13h30 de domingo (18). Estávamos entre amigos, mais o Gustavo e o irmão dele. Por volta das 21 horas, eu esperava um táxi para um amigo e vi o Gustavo correndo pro meio da rodovia, entre os carros.
Como ele estava agindo?
Ele estava transtornado, fora de si. Ele rolou pra cima de um carro, eu fui atrás dele, o agarrei pela cintura e levei para dentro da festa. Pedi para os seguranças fecharem as portas e os amigos tentavam acalmá-lo. Tirou a roupa e depois correu, eu não vi indo para o mato, pois eu estava no banheiro. Gustavo estava com pavor da minha voz, pois eu fui o único que conseguiu imobilizá-lo, agarrando-o pela cintura.
Ele usou drogas?
Ele já tinha tomado uma “bala” (ecstasy), que deixa a pessoa mais agitada, eufórica, mas nada que tira a pessoa de si. Mas em outras festas também, normal. A gota, em si, age no psicológico. Provavelmente ele tomou sem saber, alguém deu a ele.
Mais alguém usou essa droga na festa?
Outro amigo nosso tomou, achando que era água pura. Só que ele também passou mal, mas ficou mais calmo e tentamos normalizá-lo para levar pra cassa.
Como era o Gustavo?
Era uma pessoa do bem, alto astral, vida social maravilhosa, cercado de amigos que estavam sempre juntos. Foi um choque quando saí da festa sem ele e depois soube de sua morte.
Fonte: Gazeta On-line