* MONIR ALI SAYGLI
Eles vêm de todos os cantos da cidade. Andam em grupos ou casais. São negros ou são brancos, mas com a mesma finalidade.
Embora não os levemos a sério, são também filhos de Deus – como nós -, e, portanto, pertencentes à espécie humana.
Fazem da mendicância um meio de vida e um passa tempo. Ora pedem por necessidade, ora apenas por vício ou mesmo brincadeira.
É por isso que, às vezes, não os compreendemos, pois os achamos muito complicados.
Já nos habituamos com eles e julgamos que pedem por costume e, por isso, é que lhes negamos as coisas. Quase sempre são os mesmos.
Vivem como bichos, às vezes sem comida e com apenas a roupa suja do corpo. Não têm onde tomar um banho, nem onde dormir. Se adoecem, morrem – pois não têm um atendimento pela demagoga sociedade.
Aliás, já tornaram célebre a frase: “Ô dona, tem resto de comida”?
Mas eles crescem dia a dia. Poderão ser bons ou maus, dependendo da orientação que receberem agora. Aprenderão a amar ou a odiar com a mesma facilidade. O fato é que são muito solidários. Quem ganha um pão, divide com os companheiros.
Você, que é inteligente, já notou que estou falando de menores abandonados, esses que andam por aí, sem nenhum apoio. Todos falam neles quando querem passar por bonzinhos ou quando querem exibir a caridade, mas ninguém quer solucionar o problema, pois, nesse caso, ficariam sem assunto.
Uns pedem de porta em porta, outros no meio da rua e nos pontos de aglomeração – como porta de bares e de padarias. Finalmente, há os que fazem malabarismos nos sinais de trânsito ou que, no mesmo local, vendem doces ou chicletes. Há os que “garimpam” o lixão para encontrar alguma coisa que possa ser transformada em dinheiro – para pôr o feijão na “mesa” da família.
E o pior. Há os que entram para o mundo do crime, para as drogas, como “mulinhas” ou como usuários, assaltam no meio da rua, ou mesmo nas residências. Fazem maldades e covardias que assustam – principalmente as pessoas idosas, suas principais vítimas.
É quase incrível, mas é a verdade.
Atualmente, existem algumas entidades não governamentais que são organizadas por pessoas de bom coração, com o objetivo de cuidar de tais pedintes e lhes dão, além da saúde, alimentação, educação e moradia – em forma de internato.
Mas as entidades são poucas e não têm condições para cuidar de todos, além do que, a maioria se interna coercitivamente, desconhecendo o valor do benefício que irá receber.
O poder público, muitas vezes, não toma conhecimento da existência do problema. Está “muito ocupado” com a administração de suas repartições e não sabe o que está acontecendo cá fora.
Que tal dar uma voltinha por aí e ver o problema de perto?
*MONIR ALI SAYGLI Professor do Centro Universitário de Caratinga e Assessor Jurídico da FUNEC