Ou, qual é o nível atual do respeito ao próximo?
O que estamos a assistir em nossa pátria (e sem muito esforço ou pesquisa, muitas vezes sem querer) é um dos capítulos mais tristes da história do Brasil. Triste, porque a leviandade com a qual palavras são lançadas um contra o outro reflete uma das inflações sociais sem precedentes através de nossa jornada de quase 200 anos desde a independência.
Somos quase induzidos a duvidar de cada palavra que ouvimos, ou lemos. Se esse processo de desgoverno e desrespeito continuar, chegaremos a duvidar de nossa própria palavra, seja ela proferida ou escrita. As transgressões são tantas que estamos confusos, e corremos o risco de perder o senso da profundidade de uma só transgressão.
Como deveria ser, contudo?
Achamos – tomando por base a sabedoria milenar – que até os sentimentos de um só ser humano devem ser respeitados e salvaguardados com o maior cuidado possível.
Veja como em Jerusalém esta falta de consideração pelo próximo foi a causa imediata da destruição do Segundo Templo: tudo começou com um criado convidando a pessoa errada para um banquete. Quando todos os convidados estavam reunidos e o banquete já havia começado, o dono da casa percebeu que um inimigo dele entrara por engano. – “Você me odeia!” – ele disse. – “Então o que faz aqui? Levante-se e vá!” – “Já que estou aqui (por engano), deixe-me ficar, eu lhe imploro.” – Ele queria a todo o custo evitar a humilhação de ser posto para fora diante de todos. “Eu pagarei por tudo que comer e beber” – ele acrescentou. O anfitrião foi taxativo: – “Não!” – “Eu pagarei metade do banquete…” Novamente, a resposta foi “Não!” e o dono da casa, impaciente, pegou na sua mão e o expulsou.
Saiu do evento fervendo de raiva, e disse para si mesmo: “Os sábios assistiram tudo e não interferiram – eles devem ter gostado da situação. Vou contar ao rei o que houve.” Diante do governador romano, ele disse: “O povo judeu decidiu rebelar-se contra você.” Uma cadeia de eventos foi posta em marcha, levando finalmente à destruição do Segundo Templo.
No recrutamento para a guerra temos outro exemplo sobre a dignidade e o respeito que uma pessoa deve dar a seu semelhante. Trata-se da isenção de indivíduos de tomar parte em um combate militar. Quando os alistados estavam enfileirados, os oficiais gritavam que os seguintes estavam dispensados e poderiam voltar para suas casas: “Todo homem que tivesse construído sua casa, mas ainda não tivesse morado nela; quem tivesse plantado um vinhedo e ainda não tivesse se deliciado com seus frutos; qualquer homem que tivesse desposado uma mulher, mas com ela ainda não tivesse convivido, e finalmente aqueles que eram medrosos ou de coração fraco.” (Deut 20.5-8)
Aqui duas interpretações eram feitas: uma aceitava isto ao pé da letra. A outra explicava que o último grupo – dos medrosos ou de coração fraco – não se refere a simples covardes, mas àqueles que estavam temerosos devido aos pecados que haviam cometido e, portanto, não esperavam contar com a proteção da Providência durante o combate. Assim, os primeiros três grupos declarados isentos serviam de “disfarces” para este último grupo de pessoas ainda carregadas de culpa.
Se somente “os temerosos e de coração fraco” tivessem sido ordenados a se retirar, isto teria sido uma confissão pública de pecado e, portanto, uma humilhação enorme. Mas a Lei, consciente que os sentimentos são parte importantíssima do ser humano, dava outras três razões de deixar o campo de batalha, para que estes pudessem sair “honrosamente”. Pelo que consta, nenhum outro manual militar do mundo teria elaborado um procedimento assim apenas para proteger os sentimentos daqueles que não estavam psicologicamente preparados para a batalha.
Mas esta consideração e respeito à dignidade, algo inato do ser humano, vai além do período de vida. O corpo humano, na morte, embora abandonado pela alma, ainda deve ser tratado com o mesmo respeito e reverência. Este é o princípio subjacente refletido nos rituais e práticas de enterro e luto.
Não, não será por decreto que restauraremos a paz em nossa pátria.
Muito menos através da forma violenta.
Mas será na descoberta do nosso próximo, aprendendo a protegê-lo, valorizá-lo, e a honra-lo.
Rudi Kruger – Diretor
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