CARATINGA – Depois de 40 dias da operação “Aranha do Deserto”, que tem a finalidade de desmantelar uma organização criminosa que atuava em fraudes contra o seguro DPVAT (Seguro do Trânsito – Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre), os suspeitos Thales Edison Chaves, médico legista; e Mauro Célio Lourenço, sargento PM, continuam presos. Mauro está detido no Batalhão da Polícia Militar em Manhuaçu e o médico Thales em Belo Horizonte, já que faz parte da Polícia Civil.
As prisões dos investigados aconteceram no dia 10 de maio de 2017, quando foi realizada mais uma fase desta operação desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial Combate ao Crime Organizado), que é formado pelo Ministério Público e as Polícias Militar e Civil, em Caratinga.
Tanto o médico Thales, quanto o policial Mauro tiveram recentemente negada a liminar em habeas corpus. O advogado de Mauro, Vanderlei Fernandes, em conversa com a redação do DIÁRIO DE CARATINGA por telefone, disse que aguarda audiência para julgamento do mérito do habeas corpus, assim como o advogado do médico Thales, Marcus Alves Barbosa Neto. Como o processo está em segredo de justiça, os advogados não podem dar mais detalhes do caso.
O ESQUEMA
No dia 11 de maio de 2017, os coordenadores da operação “Aranha do Deserto” concederam entrevista em Ipatinga, onde falaram sobre a ação do GAECO. Durante a coletiva, o promotor de justiça Bruno Schiavo especificou como funcionava o esquema. “Basicamente consistia nas pessoas que sofriam acidente de trânsito e faziam laudos incompatíveis com as lesões que realmente sofreram, ou seja, geralmente as lesões que elas sofriam eram mais leves, e com a falsificação até mesmo de laudos oficiais, em que se atestavam que as lesões eram mais graves, nesses casos as pessoas recebiam indenizações maiores. E essas pessoas envolvidas, os demais denunciados, que atuavam nesse esquema, inclusive recebiam parte desta indenização que seria exclusivamente das vítimas”.
O promotor Bruno Schiavo ponderou que o médico legista que atestava essas lesões, ou seja, “segundo a denúncia, fazia uma parte importante do esquema, já que todos os usuários do DPVAT passavam por ele. Para citar um exemplo, uma pessoa chegava com um dedo quebrado, ele falava que o membro estava completamente inutilizado, a mão, ou até mesmo o braço. O policial militar atuava como verdadeiro despachante, contatava as vítimas e recebia também uma parcela que não lhe era devida por esse serviço, que claro é completamente estranho a função que ele exercia. O médico legista estava prestando um serviço público, mas em alguns casos cobrava a consulta, que não seria cabível cobrança de valor algum”.
Coronel Edivânio, comandante da 12ª Região da Polícia Militar, tratou da situação do sargento que foi detido. “Houve uma denúncia por parte de um policial militar e gostaríamos de ressaltar nossa forma isenta no trabalho. A Polícia Militar trabalha a favor da sociedade, cumprindo a lei, e nesse caso específico, mediante apreciação do poder judiciário, o pedido de prisão preventiva desse policial militar foi cumprido imediatamente e ele se encontra recolhido no 11º Batalhão de Polícia Militar, em Manhuaçu. Ele está à disposição da justiça para responder criminalmente por sua conduta”, disse à época o coronel.
Na ocasião, o oficial ressaltou que foi instaurado procedimento administrativo para avaliar sobre a possibilidade ou não da permanência do sargento nas fileiras da Polícia Militar. “São duas instâncias independentes, que acontecem ao mesmo tempo que a instância criminal, quando terá a oportunidade de se defender também administrativamente sobre sua permanência na Polícia Militar”.