Apesar da crise nacional no setor das hemodiálises, clínica continua salvando vidas, aliviando a dor e o sofrimento de centenas de pacientes da região
“Infelizmente, enquanto a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) tenta sensibilizar a população para a necessidade dos cuidados com os rins, o Governo Federal continua insensível com as enormes dificuldades enfrentadas pelas clínicas de hemodiálise, que enfrentam uma defasagem com os preços pagos pelo SUS para os tratamentos”, lamenta o médico nefrologista e diretor clínico da Clirenal de Caratinga, Eli Nogueira da Silva.
Segundo Eli, em todo o Brasil, as clínicas especializadas no tratamento de pacientes com doenças renais crônicas têm convivido, há vários anos, com o “descaso” do Governo Federal, fato que gerou uma séria crise no setor, resultando no fechamento de muitas unidades.
Como ele explica, isso se deve à “enorme e crescente defasagem” que os proprietários das clínicas vêm enfrentando, com relação aos custos dos serviços disponibilizados aos pacientes e o preço pago pelo SUS (Sistema Único de Saúde). “As clínicas que possuem um percentual maior de pacientes particulares ou cujos tratamentos sejam financiados por certos convênios, têm conseguido equilibrar as contas e enfrentar esta situação. Porém, as clínicas onde o maior percentual de atendimentos e tratamentos é feito através do SUS, como é o nosso caso em Caratinga, enfrentam séria crise financeira e poderão se ver obrigadas a encerrar suas atividades, caso não seja tomada uma medida urgente por parte do Ministério da Saúde”, alerta.
O nefrologista ainda ressalta que dos mais de 120 mil pacientes em diálise no Brasil, 90% fazem tratamento pelo SUS. Nos últimos 10 anos, o número de pacientes com doença renal crônica cresceu cinco vezes mais do que a quantidade de clínicas e somente 7% dos municípios brasileiros têm centros de diálise. Segundo Eli Nogueira, a defasagem entre os custos para uma sessão de hemodiálise e o valor pago pelo SUS às clínicas é de 46%. “Nós, os proprietários de clínicas, somos obrigados a subsidiar o valor dessa diferença. Para piorar a situação, mesmo pagando quase metade do valor do serviço prestado, o Ministério da Saúde sempre efetua o pagamento às clínicas com atrasos que chegam a quase quatro meses”.
Há muitos anos, Eli tem se engajado na luta encabeçada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, em parceria com a Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) e a Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil (Fenapar), visando sensibilizar o Governo Federal da situação crítica enfrentada pelo setor, que ele considera passível de se tornar um “verdadeiro caos”, participando ativamente de encontros, reuniões, congressos e manifestações. “Nós temos suportado a situação, mas não sabemos até quando conseguiremos manter isso. Para continuarmos atendendo aos nossos pacientes, chegamos a contrair empréstimos e, até, a nos desfazer do patrimônio que construímos a partir do nosso trabalho. Mas, sinto que a coisa está chegando a um patamar insustentável”.
Em Caratinga, conforme informa Eli Nogueira, a Clirenal atende a170 pacientes, dos quais a maioria faz tratamento pelo SUS, levando a clínica a trabalhar no vermelho. “Apesar de tudo, temos nos empenhado em oferecer um atendimento de excelência aos nossos pacientes, que têm apresentando índices de sobrevida acima da média nacional e índices de mortalidade inferiores a média nacional. A melhoria da qualidade de vida dos nossos pacientes é o objetivo primordial que nos motiva a permanente busca de maior eficiência deste tratamento”.
O nefrologista finaliza afirmando que apesar das dificuldades, a Clrenal seguirá com o trabalho que já dura 29 anos, em prol dos pacientes que sofrem de doenças renais. “A minha maior preocupação é que, se o Ministério da Saúde continuar com este subfinanciamento do SUS Hemodiálises, em não atender as nossas reivindicações, não sei até quando poderemos manter o atual padrão de qualidade de nossos procedimentos e manter o funcionamento das clínicas. E esta situação já perdura por muitos anos. Mas, a luta continua, pois nosso ideal é salvar vidas e aliviar a dor e o sofrimento de nossos semelhantes. E apesar de tantos sacrifícios vale a pena manter nossa luta”.
Um comentário
rogerio do carmo
parabens cirenal,sou rogerio do carmo,aux.de enfermagem,pioneiro com dr.eli na clirenal a 29 anos ,saudades