Você sabe o que é a osteopatia? E os benefícios que esse tipo de tratamento pode trazer? Entenda nesta entrevista com o fisioterapeuta Duany Vieira Lopes, que é pós-graduado em Terapias Manuais com Ênfase em Osteopatia, Mobilização Neural e Estabilização Segmentar e em Ergonomia e Fisioterapia do Trabalho, Aprimoramento Profissional para Fisioterapeutas em Perícia Judicial e Assistência Técnica Jurídica – Método Veronesi.
“Osteopatia é um tipo de medicina alternativa que enfatiza as massagens e outras manipulações dos tecidos musculares e ossos. Um tratamento puramente manual com grande eficácia e terapêutica conservadora, sem utilização de medicação e/ou cirurgia”, define o fisioterapeuta.
Nesta entrevista, Duany explica como é realizado este tratamento, os principais benefícios e o público-alvo desta metodologia.
O que é osteopatia e sua metodologia?
Osteopatia é um termo que vem das palavras gregas “osteon”, osso, e “patheia”, doença, foi criado em 1874 pelo médico americano Andrew Taylor Still durante a guerra civil americana no século XIX. Foi através da observação e investigação que fez uma correlação entre as patologias e a suas manifestações físicas. É uma especialidade da fisioterapia, baseada na biomecânica do corpo, assentando na inter-relação entre o sistema musculoesquelético e o resto do corpo. Agindo-se na manipulação, na massagem e na estimulação neuromuscular, o que faz com que muitas vezes no final da primeira sessão os pacientes sintam grandes mudanças na sua condição, com uma evidente redução das dores musculares ou articulares, bem como um elevado aumento da sua mobilidade. É um sistema de avaliação e tratamento com cuidados de saúde primária, que baseia no diagnostico diferencial, com metodologia e filosofia própria, que visa restabelecer a função das estruturas e sistema corporais, agindo através de intervenção de terapia manual sobre tecidos (articulações, músculos, fáscias, ligamentos, capsulas, tecido nervoso, vísceras, vascular e linfático). A metodologia aplicada são técnicas estruturais: manipulações articulares; técnicas rítmicas: estiramentos, bombeios e técnicas funcionais: relaxamento das fáscias.
Em que situações a osteopatia é recomendada?
O campo de tratamento da osteopatia é muito amplo, pois ele abrange todo o corpo humano, fazendo com que muitas lesões ocorridas no dia a dia sejam tratadas pelo fisioterapeuta especialista em osteopatia. Os desportistas, por exemplo, procuram bastante este serviço para ultrapassar lesões, mas também para se manterem no auge da sua condição física o que nem sempre é fácil quando o corpo e constantemente exposto a exercícios mais agressivos para a estrutura vertebral. Mas, para, além disso, a osteopatia é indicada em diversas outras situações, tais como patologias de nível cervical (cervicalgias, torcicolos, cefaleias, nevralgias cervicobraquiais (NBC), certas dores de ombro e de cotovelo, grande número de dorsalgias interescapulares); patologias de nível dorsal (dorsalgias de origem dorsal, agudas, nevralgia intercostal); patologias de nível lombar (lombalgias baixas de origem lombossacral ou dorsolombar, umbagos, ciáticas, cruralgias, certas dores na pelve e no joelho) e patologias de nível sacrococcígeo (coccigodinia ou, como é tradicionalmente conhecida, “dor no cóccix”). Muitas vezes, uma simples, mas constante dor de cabeça pode derivar de rigidez e tensão no pescoço, o que é facilmente resolvido pelo tratamento osteopático, tal como acontece com as tensões estruturais que se verificam durante e depois de uma gravidez. Tratam-se de situações simples, mas que podem gerar problemas e tensão nas costas, no pescoço, nos braços, nas mãos e nas pernas, pelo que a osteopatia se revela igualmente bastante eficaz nestes casos. Assim, a osteopatia vai oferecer uma série de efeitos secundários positivos, como a redução de dores de cabeça, de costas, ombros e joelhos, contribuindo ainda para o bom funcionamento dos órgãos internos e para a fluidez neurológica.
Como é realizado o tratamento?
O tratamento é baseado num exame clínico completo com a anamnese, observação de postura e avaliação dos tecidos e articulações, que conduz ao diagnóstico. Após determinado e através de técnicas manuais é restabelecida a mobilidade alterada dos sistemas que estejam em desiquilíbrio: musculoesquelético ou estrutural, sacro craniano e/ou visceral. Com relação ao número de sessões, depende da análise que é feita pelo osteopata no final da primeira consulta. Pois, cada caso tem um tipo e duração de tratamento, dependendo da doença instalada no paciente, uma vez que cada indivíduo tem o seu próprio desenvolvimento na recuperação da lesão. A Osteopatia é dividida em diferentes técnicas e áreas, que sofrem mudanças de acordo com cada caso e capacidade física do paciente. Somente depois de realizada a avaliação é que será definida qual a melhor maneira de utilizar a manipulação vertebral.
O que difere a osteopatia da fisioterapia tradicional?
As manipulações osteopáticas são um instrumento a serviço dos fisioterapeutas. Porém, a Osteopatia é bem mais do que isso, sendo, além do diagnóstico e terapêutica, o raciocínio que se permite fazer a ligação entre essas observações e a patologia funcional apresentada pelo paciente. Osteopatia: um tipo de medicina alternativa que enfatiza as massagens e outras manipulações dos tecidos musculares e ossos. Um tratamento puramente manual com grande eficácia e terapêutica conservadora, sem utilização de medicação e/ou cirurgia. Fisioterapia: uma medicina física e especialidade de reabilitação que, usando força mecânica e movimentos, remedeia dificuldades e promove a mobilidade, a função e a qualidade de vida através do exame, prognóstico e intervenção física.
Quais lesões ou doenças geralmente respondem mais rapidamente quando tratadas com osteopatia?
Esta pode tratar as doenças mais frequentes, nomeadamente ciáticas, lombalgias, dorsalgias, cervicalgias, escolioses, hérnias discais e torcicolos. Podem ser tratadas também entorses, tendinites, epicondilites, síndromes do túnel cárpico, dores nos ombros, problemas da articulação temporo-mandibular (ATM), tensões e contraturas musculares e todos os problemas decorrentes de acidentes de viação, quedas, fraturas ou cirurgias. Disfunções coluna vertebral: hérnias/protusões discais, torcicolos, cervicalgias, dorsalgias, lombalgias, desiquilíbrios da bacia, contraturas, ciática. Disfunções articulares: entorses, sub-luxações articulares. Disfunções musculoesqueléticas: artroses, artrites, fibromialgia, tendinites. Disfunções da esfera craniana: cefaleias, enxaquecas, tonturas, vertigens, alterações ATM, acufenos (zumbidos), sinusite. Disfunções viscerais: gastrite, obstipação. Transtornos digestivos, circulatórios e respiratórios. Estados de tensão: stress, irritabilidade, tensão. Dores no membro superior: nevralgias, cervicobraquialgias, periartrites escapulo-umerais, parestesias, cotovelo de tenista, lesões por esforços repetitivos. A Osteopatia atua na prevenção de vários distúrbios, sendo eficaz como complemento a práticas psicológicas e médicas.
Quais são os principais benefícios da osteopatia?
A osteopatia é um meio para reencontrar uma postura adequada e movimentos sem dor. Ajustando o equilíbrio interno e eliminando tensões, visa uma harmonia do corpo, proporcionado bem-estar. Alguns dos seus benefícios são: pode ser aplicada a toda a gente, desde o recém-nascido até ao idoso, passando pelas grávidas e pelos atletas; correção e melhora da postura; melhora da circulação; retardar os sintomas de desgaste articular; elimina a dor nos problemas osteomusculares de origem mecânica; melhora a mobilidade articular; melhora o sistema digestivo, circulatório, respiratório, linfático e imunológico e estimula a força e flexibilidade.
Há alguma contraindicação para a realização desta técnica?
Sim, no caso de doenças como: tumores, quadros articulares agudos como artrite reumatoíde, lúpus, espondilite anquilosante, artropatias traumáticas recentes, anquilose, insuficiências circulatórias localizadas, síndroma vertebro-basilar, hérnia discal extrusada e estados infecciosos.
A osteopatia é indicada para todas as idades?
Sim. É indicada para as pessoas de todas as idades, desde os recém-nascidos ao idoso, desde que não apresente nenhuma contraindicação patológica.