DA REDAÇÃO- Moradores de alguns bairros de Caratinga têm entrado em contato com o DIÁRIO demonstrando preocupação com uma infestação de caramujos gigantes africanos. Os problemas têm afetado principalmente o Limoeiro, mas também há registros no Morro do Escorpião e Esplanada.
A presença dos caramujos na zona urbana tem sido alvo de debates e dúvidas. O biólogo Gleidson Freitas postou em sua rede social um alerta aos caratinguenses e autoridades responsáveis pelo controle de zoonoses e vigilância sanitária de Caratinga. “Ressalto a problemática voltada para as possíveis doenças que o mesmo transmite, além de sua concha servir de local ideal à manutenção do ciclo do Aedes aegypti. Providências urgentes necessitam ser tomadas para combater este vetor, haja vista que sua reprodução é rápida e numerosa”.
O assunto também foi comentado nas redes sociais pelo biólogo Harley Leandro Coelho, que emitiu sua opinião sobre os possíveis perigos deste molusco: “Historicamente, o caracol africano foi introduzido no Brasil, há cerca de 28 anos atrás. As doenças que colocaram como transmissíveis estão aclimatadas no solo brasileiro há mais de séculos, desde os tempos da escravidão, via navios negreiros que vieram aqui. Temos mais mortes causadas por Schistosoma mansoni, verme que transmite a esquistossomose ou xistose, que são comprovadas cientificamente, do que por possíveis transmissões das doenças que a mídia e governos circulam e que não se tem dados publicados com relação a A. fulica. Repito que o grande risco é potencial, principalmente se ingerido cru, tiver contato com o
muco e hortaliças que não venham a ser higienizadas corretamente; e que matar discriminadamente todas as espécies de caracóis por se achar que todos são perigosos, constitui Crime Ambiental, passível de multas”.
No entanto, alguns especialistas afirmam que os caramujos são hospedeiros de vermes que podem transmitir doenças graves que prejudicam o intestino e levam até a morte. De acordo com a segunda edição do livro ‘Vigilância e Controle de Moluscos de Importância Epidemiológica’, o Ministério da Saúde recomenda que uma vez confirmada a identificação deste molusco, o cidadão deve entrar em contato com as autoridades municipais para lhes comunicar a ocorrência do caramujo africano e receber orientações sobre os procedimentos de controle em sua cidade.
RESPOSTA DA PREFEITURA
O DIÁRIO DE CARATINGA entrou em contato com a Prefeitura de Caratinga para saber sobre as providências que estão sendo tomadas pelo executivo e se há um programa de combate efetivo deste caramujo no município. Também questionamos se a Prefeitura realiza ou tem a intenção de promover uma capacitação sobre o correto manejo do caramujo africano, dando orientações à população. As respostas foram concedidas pelo diretor de Vigilância, José Carlos Damasceno.
Quais as medidas de controle que o cidadão deve ter para eliminar e também coibir a proliferação do caramujo?
A coleta manual periódica ainda é a principal medida de controle para evitar a proliferação do caramujo africano no meio urbano. Mas é importante tomar alguns cuidados quando da catação desses moluscos:
– Não tocar nos caramujos sem proteção (deve-se usar luvas ou sacos plásticos durante a catação);
– Lavar as mãos com água e sabão, caso haja algum contato com o molusco.
– Não transportá-los nem jogá-los vivos em terrenos baldios, ruas, matas, restingas, etc;
Os moluscos coletados devem ser incinerados (queimados). Pode-se também esmagá-los e enterrá-los, acrescentando um pouco de cal virgem para evitar a contaminação do solo.
As conchas dos caramujos podem servir de criadouros naturais para o mosquito transmissor da dengue e da febre amarela. Como a Prefeitura trabalha esta questão e como o cidadão deve estar atento a isto?
Sim. A exemplo de tantos outros criadouros do mosquito Aedes aegypti, as conchas do caramujo africano é um recipiente ideal para desova do mosquito transmissor da Dengue e Febre Amarela no meio urbano.
A Prefeitura tem um programa de combate efetivo desse caramujo?
Por se tratar de um molusco presente em toda área urbana da nossa cidade, os agentes de combate a endemias, quando fazem visitas para o Controle do Mosquito Aedes aegypti, têm orientado os moradores sobre os perigos e riscos do contato com os caramujos africanos, orientando sobre os procedimentos necessários que devem ser adotados durante a catação, evitando assim a proliferação no meio urbano.
A Prefeitura considera a infestação de caramujo africano como uma questão de saúde pública?
Sim, e que deve ser tratada de forma conjunta entre o poder público e a população.