CARATINGA– A situação é preocupante. O Córrego do Lage, único manancial responsável pelo abastecimento de água de Caratinga já não é o mesmo de anos atrás. Por onde corria bastante água, o cenário é totalmente diferente.
A estiagem prolongada tem colocado em risco o abastecimento da cidade e região. Já foram precisos rodízios, perfuração de poços profundos (que não tiveram sucesso) e demais medidas de emergência para garantir que a água chegasse aos lares da população. No entanto, a seca continua preocupando e apesar do anúncio da captação de água do Córrego do Rio Preto, ainda resta a apreensão.
Até mesmo as autoridades estão atentas. Na tarde desta segunda-feira (29), o policial ambiental Edil Júnior fez um alerta por meio de sua rede social: “Estamos neste momento no Ribeirão do Lage, principal fonte de captação de água para o abastecimento da cidade de Caratinga e esta é a situação atual. Onde eu estou pisando, há 15, 20 dias corria água e neste momento, devido ao prolongado período de estiagem em nossa região, não mais corre água onde eu estou pisando. Solicitamos a toda população de Caratinga que evite lavar carros, calçadas, desperdiçar água. Pedimos a toda população de Caratinga que economize água, pois provavelmente estamos muito próximos de um rodízio de abastecimento”.
A Copasa afirma que o volume retirado hoje do Córrego do Lage é de 170 litros de água por segundo, quantidade inferior aos 250 litros de água por segundo outorgados pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas, e suficiente para o fornecimento de água para a população de Caratinga. No entanto, a população ribeirinha do Córrego do Lage e Córrego Seco retrata uma situação diferente: a Copasa estaria desviando 100% da água do Ribeirão para dentro da captação. Para socorrer a população daquela localidade de um quadro de escassez total, somente as nascentes que correm dentro das propriedades.
NASCENTES GARANTEM SOBREVIVÊNCIA
De acordo com alguns moradores ouvidos pelo DIÁRIO DE CARATINGA, a situação é crítica. Eles preferiram não se identificar, mas relataram um momento preocupante. Um deles mostrou um córrego que passa por sua propriedade e lamentou os dias difíceis. “Essa água ‘beirava’ a ponte. O pouquinho que tem agora vem das nascentes das laterais. Não desce nada da cachoeira. Isso aqui eram dois metros de água”.
Segundo outro morador, no momento ainda não é possível ser otimista sobre o futuro do abastecimento da cidade. Ele ainda arriscou alguns palpites sobre o que poderia ter sido feito para garantir o abastecimento da população. “Essas nascentes estão ajudando por misericórdia de Deus, porque a Copasa não está deixando; está represando tudo. Ano passado já tivemos esse problema, fizeram nada. Ficou esse jogo de empurra, agora dizem que vão captar no Córrego Rio Preto, mas a população não quer que retire. Vai descobrir uma coisa para cobrir outra? Não tem lógica. A Copasa deveria ter feito uma barragem, comprado as laterais do rio, mudar a estrada, fazer por cima da barragem e dava muito água. Quando chove esse rio quase transborda da ponte e ficaria represada essa água toda da chuva. Se não quisesse fazer uma barragem grande, podia fazer tipo uma escada descendo, precisou, vai abrindo as comportas. Ia gastando devagarzinho pra não faltar. Não sei como vai fazer quando secar”.
A mesma opinião é compartilhada por outro morador, que também afirma que as nascentes estão garantindo a sobrevivência dos moradores daquela localidade. Eles esperam providências, pois o quadro já é considerado urgente. “É uma vergonha o que a Copasa está fazendo. Ainda bem que tem as nascentes dos córregos, gerando esse pouquinho de água aqui. A cachoeira não está descendo nada, bloquearam toda a água para que ela desça na tubulação. Eu mesmo uso da água do rio só pra aguar minha grama, mesmo assim um pouco. A água da mina que vem lá do alto é só pra tomar banho, fazer comida e lavar roupa”.