Milton Martins de Oliveira, diretor presidente da Tinauto Tintas, conta a trajetória de sua empresa e mostra que crise se vence com trabalho e perseverança
MANHUAÇU – A reportagem do DIÁRIO esteve na Rua Faustino Amâncio, nº 11, Bairro Santo Antônio, para conhecer um pouco da história de uma empresa que ultrapassou os limites da cidade. Conversamos com o diretor-presidente Milton Oliveira, que falou sobre a trajetória da Tinauto Tintas.
Como nosso leitor poderá constatar na entrevista, permanecer no mercado por mais de 40 anos, enfrentando crises e ainda expandindo fronteiras, é tarefa para quem acredita, faz a hora e não espera acontecer. A família Tinauto segue colorindo e dando mais cor ao dia a dia de milhares de lares em toda nossa região. Uma iniciativa da empresa escolheu uma comunidade carente de Manhuaçu e num mutirão, pintou 45 casas a custo zero para os moradores, demonstrando ter perfeita consciência social.
Quando e quem deu início as atividades da Tinauto?
Foi criada em outubro de 1970, fruto de um sonho de meu pai Paulo Luiz de Oliveira, que trabalhava com oficina mecânica e não encontrava tintas. Por isso, junto com seu sócio Wantuil Dutra, resolveu abrir uma empresa de tintas automotivas.
Quando se deu essa mudança para além das tintas automotivas?
A mudança se deu em 1972. Conhecendo o mercado, viram que tinha espaço para atuar também com tintas imobiliárias. Logo depois meu pai adquiriu a parte do sócio dele.
A empresa passou por dificuldades no começo? Como saiu dessa situação?
Em 1983 passou por uma dificuldade financeira muito grande. Por ser uma empresa familiar, nos unimos ainda mais, trabalhando muito para sair da crise. Saímos com muita criatividade. Crise é o momento de crescer. Acredito que agora é a hora de investir. Crise não é novidade. Já passamos por algumas e vencemos todas com trabalho e muita fé no senhor Deus, que tem nos orientado.
A empresa atuou também no ramo de automóveis?
Meu pai sempre foi muito corajoso para aproveitar as oportunidades. Em 1991 adquirimos uma concessionária Lada, veículos russos bandeira, na época do governo Collor. Chegamos a ficar em 7º lugar em vendas. Porém, em 1995 os impostos de importação dobraram e deixou de ser viável continuar no mercado. Assim, investimos ainda mais em tintas. A logo da empresa diz exatamente isso. “solução em pinturas”.
Quantos funcionários tinha a loja e como eram feitas as entregas?
Eram apenas três funcionários trabalhando. Atualmente são mais de 30. As entregas eram feitas em bicicletas de carga. Apesar de não ter peso nem para andar de bicicleta (risos), mas mesmo assim fazia todas as entregas. Na época vendia muita tinta em pó, que eram muito pesadas. Hoje contamos com uma frota pra dar agilidade e comodidade nas entregas.
Nota: Neste momento, Milton se emocionou ao lembrar-se do pai, das dificuldades, da primeira bicicleta que ainda guarda. Também recordou dos desfiles de escola, quando eram feitas fotos de todos os alunos, menos as dele, já que o pai não podia pagá-las.
Tendo passado por tudo isso é mais fácil entender o funcionário?
Graças a Deus por ter passado por tudo isso. Hoje consigo entender as dificuldades deles. Tem muita gente correndo atrás apenas do recurso financeiro. Isso é consequência do trabalho com honestidade. Costumo dizer para meus funcionários que temos que correr atrás do que o dinheiro não compra. Respeito aos clientes para mantê-los, ter paz pra trabalhar. O que o dinheiro compra se tiver o nome limpo você consegue.
São conselhos que passa para seus filhos também?
A Tinauto é uma empresa familiar. Além de minha esposa Clenir Nunes Viza, três de nossos filhos estão atuando na empresa e se prepararam pra isso: Rafael Viza, formado em administração, está no administrativo comercial, Vinícius, administrativo de vendas, e o Igor, o mais novo, esta estudando arquitetura. Todos muito dedicados ao trabalho.
Além de Manhuaçu, a Tinauto está onde mais? Tem planos de expansão?
Além de Manhuaçu, com duas lojas, a Tinauto está em Caratinga há 12 anos. Tivemos também uma filial no Espírito Santo. Porém tivemos que encerrar as atividade por questões tributárias. Temos planos de expansão sim. Tanto para nossa região, como Caratinga. Estamos realizando alguns estudos para ambientação interna e até o início do ano teremos novidades. Estamos terminando uma obra dentro de uns seis meses em Manhuaçu. Hoje o que tem atrasado um pouco é a questão de mão de obra. Mais uma vez digo que na crise é uma grande oportunidade de crescer.
Porque escolheu Caratinga para uma das unidades?
Essa história é interessante. Estive em Caratinga pra fazer uma compra. Gostei do mercado, procurei conversar com algumas pessoas, me informei sobre a cidade. Caratinga é uma cidade-polo, assim como Manhuaçu. Porém com outro nível de cliente e com muita possibilidade de crescimento. Uma ótima região que nos recebeu muito bem.
Pra finalizar, o momento vivido pelo país e como enfrentar?
Sem dúvida temos que procurar saber sobre o que está acontecendo na política do país. Ter muita informação sobre a economia e mercado. Porém, não adianta ficar somente reclamando. Sempre digo que temos que trabalhar muito. Nenhum político virá aqui resolver nossos problemas e nem pagar nossas contas.