CARATINGA- O salão do júri do Fórum Desembargador Faria e Sousa recebeu durante todo o dia de ontem, o julgamento de Rodrigo Tiola Alves, 39 anos, acusado de tentar matar o próprio pai, João Tiola Filho, 59. Os trabalhos foram presididos pelo juiz de direito Consuelo Silveira Neto.
O crime aconteceu no dia 15 de agosto de 2015 no Córrego do Brejaúba, zona rural de Santa Rita de Minas. Durante uma reunião familiar, houve uma discussão e Rodrigo desferiu oito facadas em João.
Antes de começar a sessão, o assistente de acusação Max Capella falou sobre a estratégia que seria utilizada para pedir pela condenação do réu. “A gente vai tentar mostrar para os jurados a posição da família em relação ao Rodrigo, mostrando que ele agiu de forma fria e que sua argumentação não tem nenhum fundamento, que ele não pode mais retornar ao convívio da sociedade e nem à família, pois traz muito risco a todos”.
Segundo Max, Rodrigo tem um histórico extremamente agressivo, que colocaria em risco a sua convivência com familiares. “A família que me contratou e pediu para que atuasse nesse processo tem mais medo do Rodrigo, do que raiva ou ressentimento pelo que ele fez. O Rodrigo tem um histórico de agressões à família que já vem de muito tempo, contra as irmãs, cunhados, à própria mãe e várias vezes contra o pai, que chegou a culminar nessa agressão mais grave. Então a família, por medo que ele saia do presídio e volte a agredir ou consiga o seu intento de matar, pede que ele fique preso para colocar a cabeça no lugar ou talvez mudar seu comportamento. Temos no processo pelo menos 20 boletins de ocorrência registrando ameaças e agressões contra o pai e própria família, mas me foi relatado pelas irmãs que são pelo menos 40 boletins com esses relatos”.
O advogado ainda ressaltou que o grande motivador da discórdia entre Rodrigo e a família foi a droga. “Quase toda briga era por causa de dinheiro para uso de drogas. O pai por muitas vezes já o internou, temos detalhados pelo menos 10 clínicas particulares onde ele já foi internado, pagas pelo próprio pai e ele não continuou o tratamento. A partir do uso da droga foi perdendo a noção das coisas e se tornando agressivo com a família”.
Na audiência de instrução e julgamento, realizada no dia 18 de novembro de 2015, Rodrigo demonstrou frieza e disse que teria agido em legítima defesa. Max afirmou que a versão do réu não tem qualquer fundamento. “Essa versão é fantasiosa, jamais o Tiola faria uma coisa dessas, ele sustenta a versão de que teria desligado uma geladeira, onde teria por acaso estragado uma carne que o pai tinha deixado e ele por isso teria tentado matá-lo e ele só se defendeu; porque não tem o que alegar. Essa versão seria cômica, se não fosse tão trágica e nós vamos desmontá-la aqui hoje e mostrar que o Rodrigo é o verdadeiro monstro desta história”.
DRAMA FAMILIAR
A família Tiola tem enfrentado um verdadeiro drama, desde a prisão de Rodrigo. O DIÁRIO DE CARATINGA acompanhou a chegada da família até o fórum. Tiola resumiu o momento que está enfrentando por meio de um conselho. “Isso são coisas do dia a dia. A situação que estamos vivendo no mundo hoje, dentro da questão das drogas. Estou passando por isso e peço a Deus que ilumine a muitos que estão vendo hoje a situação que estou, para que os filhos pensem antes de usar as drogas e os pais não precisem passar por isso”.
CONDENAÇÃO
O Conselho de Sentença formado por sete jurados decidiu pela condenação de Rodrigo pelo crime de homicídio tentado qualificado. O juiz proferiu sentença condenando-o a 10 anos, 10 meses e 20 dias de prisão, em regime fechado.