Harmonia Compartilhada – Música de Toninho Horta e poesia do Petrônio Souza – é a atração de hoje no Casarão das Artes
Música e poesia. É isso que o público pode esperar do evento “Harmonia Compartilhada – A Música de Toninho Horta com a Poesia do Petrônio Souza”. Essa mistura cultural fantástica terá entrada gratuita e será realizada às 20h de hoje, no Casarão das Artes, em Caratinga.
Dentro da programação estão sessão de autógrafos e um bate-papo com os autores, que abordarão detalhes e características de suas obras, além da poesia na música popular brasileira, histórias do Clube da Esquina, bastidores do mundo literário, e as eternas parcerias de Toninho Horta e suas gravações.
O livro “Toninho Horta – harmonia compartilhada”, escrito por Maria Tereza Arruda Campos, conta com declarações de caráter pessoal do artista, que é um dos maiores guitarristas da história. A obra também fala dos discos gravados e distribuídos em todo o planeta e fãs especiais com quem tocou, como Pat Metheny e George Benson, considerados ícones da guitarra.
Por seu talento extraordinário, Toninho dividiu palco também com outros músicos renomados do jazz mundial, como Sérgio Mendes, Gil Evans, Flora Purim, Astrud Gilberto, Naná Vasconcelos, Paquito De Rivera, Airto Moreira, Wayne Shorter, Eliane Elias, Herbie Hancock, Keith Jarrett, Flavio Sala, dentre outros.
Durante o evento, “Harmonia Compartilhada”, o jornalista Petrônio Souza Gonçalves lançará o seu terceiro livro “Um Facho de Sol como Cachecol”. É a segunda obra de poemas e conta com imagens poéticas inusitadas. Composto por 231 poemas, os textos não têm título. Em seu lugar, apenas uma frase é destacada para servir de tema, o que é uma inovação na forma de compor os versos pelo autor.
O DIÁRIO DE CARATINGA entrevistou Toninho Horta, que relembrou os tempos de Clube da Esquina e falou sobre seus novos projetos.
Você vem de uma família marcada pela música, por exemplo, seu avô, o maestro João Horta. Podemos dizer que Toninho Horta tem uma influência musical que veio de berço?
Com certeza, meu avô João e seu Tio Modesto eram exímios músicos e maestros. Herdei o dom da música e ainda tive a sorte de meus pais tocarem bandolim (minha mãe) e violão (meu pai), além do irmão Paulinho, contrabaixista de referência nos anos 1960 que me deu todo o incentivo e as primeiras lições. Sou autodidata.
Você fez parte de um dos maiores movimentos musicais brasileiros, o Clube da Esquina. Qual o principal legado desse movimento?
Foi uma revolução musical. Ao contrário da Tropicália que transformou a estética e letras desafiadoras, o Clube da Esquina era totalmente musical e harmônico, e até hoje sua influência musical é forte no Brasil e exterior. Fui um dos principais construtores da sonoridade do Clube, com o som das guitarras principalmente, além de arranjos de base. A poética era leve, humana, social, romântica, jovem e honesta, Fernando (em memória), Márcio e Ronaldo deixaram um valioso legado de novas direções para a letra musical no Brasil; eram reflexivas e sonoras com as melodias.
Nos tempos de Clube da Esquina, você costumava dizer que os roqueiros eram Lô Borges e Beto Guedes e se classificava como “bossa-nova/jazzista”. Hoje o senhor é guitarrista. De lá para cá, o que mudou?
Todo guitarrista tem ar de rebelde, o som do instrumento instiga a sermos doce, certas horas, e ao mesmo tempo detonadores com o sistema. No meu caso, sou do time da harmonia; o Beto e Lô, apesar de terem influência do rock inglês, foram também formados musicalmente na escola do chorinho (Beto), e Bossa Nova (Lô).
Fazendo uma retrospectiva, você diria que o fato mais importante de sua carreira foi o encontro com Milton Nascimento?
Foi um dos mais importantes. Mas já nasci pra ser músico, com certeza o Clube deu uma empurrada, mas eu já vinha numa atividade profissional desde os 16 anos em BH… No Clube em 1972 já tinha 23 anos. Esta época já tinha composto músicas marcantes e muitos já elogiavam minha forma de tocar e compor.
De “Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli e Toninho Horta”, lançado em 1973 a “Alegria é Guardada em Cofres, Catedrais” com Alaíde Costa (2015), o que mudou na música de Toninho Horta?
Acho que já naquela época a direção da minha música, buscando novos encadeamentos harmônicos, melodias simples, mas audaciosas nos intervalos, arranjos sofisticados, e forma de tocar criativamente. De lá pra cá, só aperfeiçoei minha técnica e ampliei meu universo sonoro com novas influências da música do mundo, do jazz e do clássico, uma de minhas paixões. Ainda andei “namorando” o forró e o pop, e acho que consegui me sair bem (risos).
Em sua trajetória internacional, você manteve contato com nomes como George Benson e Pat Metheny. Como foi essa experiência?
Pro meu lado de músico com desejos de ver minha obra tocada e respeitada no exterior, foi fundamental. Mas não esperava que os guitarristas citados, todos amigos, antes de tudo declararam admiração e elogios à minha maneira de tocar. Eles são meus fãs o tanto que sou fã deles, e isso é raro, e muito gratificante. E poder tocar, produzir, conviver com estes stars do jazz, pra mim foi uma honra e mais conquistas na carreira.
Como foi seu contato com Tom Jobim?
No final dos anos 1960 no Rio, época dos Festivais da Canção no Maracanãzinho, depois encontros casuais em sua casa, no Leblon e em Nova York (já nos anos 1990)… O Tom não gostava de falar de música, conversava comigo por metáforas (risos), mas era sempre elegante e gentil, inteligente e harmonioso. Tocamos juntos “Anos Dourados” na gravação de Bethânia nos anos 1980. E ainda disse na TV e tudo, que eu era “o rei da harmonia”.
Você está lançando sua biografia, “Toninho Horta – Harmonia Compartilhada”, escrito por Maria Tereza Arruda Campos. O que o leitor pode esperar desta obra?
É um livro onde conto o início da minha carreira em família, meus primeiros contatos profissionais, a ida pro Rio, gravando e excursionando com artistas famosos, até solidificar minha carreira como intérprete nos anos 1980 pelo mundo. O livro é verdadeiro, emocionante, as pessoas vão gostar de algumas historias únicas que vivi no cenário musical.
Você está em parceria com o escritor Petrônio Souza, que lança o livro: “Um Facho de Sol como Cachecol”. Como está sendo este projeto com Petrônio, que é considerado revelação na poesia?
A gente tem uma empatia cultural e humana muito grande. O Petrônio tem uma sensibilidade grande pra criar os poemas com o tom da verdade do cotidiano, com pureza e palavras colocadas como um expert da poesia; virei seu grande admirador. A convite dele, estamos fazendo este lançamento em parceria, e como não podia deixar de ser, estamos criando um projeto de nossas viagens, encontros com os amigos, os novos fãs, e casos interessantes que nos deparamos durante o percurso pelo interior de Minas. No segundo semestre vamos pra outros estados também.
Sabemos que você é uma pessoa sempre em busca de novos horizontes. Após esse projeto com o poeta, já tem algo sendo trabalhado?
Incrível que a gente vai ficando mais velho e mais com vontade de criar e ter vontade de contribuir com o progresso e qualidade da música em Minas. Por causa disso, venho emendando projetos uns nos outros há vários anos, que a partir de 2016, já agora no final de maio, sairão novos produtos, como: CD “Minas Tokyo – gravado p/ selo Dear Heart / Japão, CD “From Napoli to Belo “– gravado pela o selo Polo SUd / Itália e Songbook “108 Partituras de Toninho Horta”, 300 páginas, sendo 24 coloridas. Na sequência, para o segundo semestre vou lançar: CD “Belo Horizonte” com minha banda Orquestra Fantasma que fez 35 anos de carreira, álbum duplo, um instrumental e temas originais do grupo,, e outro com sucessos antigos. Em breve, o DVD “Nos tempos do Paulinho Horta”, documentário do cenário do jazz em BH nos anos 1960/70; e a coleção “Livrão da Música Brasileira “ com 2.000 páginas, o maior banco de dados de compositores e partituras nacionais.
Harmonia Compartilhada – “A Música de Toninho Horta com a Poesia do Petrônio Souza”.
TONINHO HORTA
Nascido em 1948, na cidade de Belo Horizonte, Toninho Horta cresceu em uma família extremamente musical. Ganhou seu primeiro violão aos 10 anos e foi sua mãe quem lhe ensinou os primeiros acordes, junto com o irmão Paulo, 15 anos mais velho, músico profissional. A sua estreia profissional foi aos 17 anos e ficou conhecido pelo quando participou do II Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro. Após o Festival, Toninho mudou-se para o Rio de Janeiro, onde chegou a morar junto com Lô Borges, Milton Nascimento e Beto Guedes. A partir de então vários artistas de todo mundo passaram a conhecer o seu trabalho.
Um dos capítulos do livro é dedicado ao disco Clube da Esquina, lendário álbum gravado em 1972 e que projetou definitivamente os músicos mineiros no cenário nacional. O livro passa também pela formação da banda Som Imaginário, que por alguns anos acompanhou Milton Nascimento. Um dos capítulos da obra é dedicado ao encontro musical com Pat Metheny, enquanto outro fala da gravação de um disco com George Benson, ainda não lançado comercialmente.
PETRÔNIO SOUZA
Escritor e jornalista, Petrônio Souza mantém uma coluna semanal sobre política e cultura em mais de 40 jornais do Brasil. Em 2005 ganhou o Prêmio Nacional de Literatura “Vivaldi Moreira”, da Academia Mineira de Letras, como segundo colocado. Atualmente é editor da revista literária Imprensa na Praça e da revista Memória Cult, dedicada à história e à cultura mineira, ambas distribuídas gratuitamente, além de ser o redator do programa televisivo dedicado à cultura brasileira “Arrumação”, apresentado por Saulo Laranjeira. Depois do livro de estreia, “Memórias da Casa Velha”, de contos, de 2004, e “Adormecendo os Girassóis”, de poemas, de 2007, Petrônio viaja, no novo trabalho “Um Facho de Sol como Cachecol”, pela temática de um homem preso ao seu tempo e pelas paisagens mineiras que o cercam, chamadas por ele carinhosamente de ‘as coisas do porão’.
SERVIÇO
Evento: “Harmonia Compartilhada – A Música de Toninho Horta com a Poesia do Petrônio Souza”
Local: Casarão das Artes – Rua João Pinheiro, 154/ Centro – Caratinga
Horário: 20h
Classificação: Livre
ENTRADA FRANCA