As eleições estão perto da reta final. Como mero espectador, tenho ouvido muitas opiniões acaloradas sobre os dois candidatos. Ouvi com muita atenção os dois últimos debates. Unicamente como espectador, sem cor partidária tenho estranhado a falta de ideias para o futuro governativo do Brasil. As acusações parte a parte sucedem-se a uma velocidade avassaladora. Fiquei algo espantado com os ataques de comuns cidadãos a figuras da cultura mundial porque tomaram partido de um dos candidatos. Caso evidente o das críticas que tenho visto ao enorme Chico Buarque só porque tomou a sua posição. Isso se chama democracia respeitarmos a opinião dos outros, neste caso do Chico que já leva o nome do Brasil por este mundo afora há mais de 40 anos. Li com agrado o comentário de um homem da cultura caratinguense no seu Facebook, que me alertou para o fato. Obrigado Camilo.
Desejo que esta semana rapidamente passe, pois para a próxima já haverá um presidente(a) de todos os brasileiros e assim acabarão algumas destas desconsiderações.
Campos Sales
O presidente que julgava que todos os problemas do Brasil tinham uma única causa: a desvalorização da moeda. “Campos Selos”, como apelidaram devido ao imposto do selo, saiu da presidência vaiado não só por esta medida, mas também por ter retirado de circulação o papel dinheiro, que dificultou e muito o consumo fazendo com que o comércio em geral passa-se por uma situação de grande dificuldade .
Campos nasceu em Campinas/SP em 15 de fevereiro de 1845. Aos 18 anos, em 1863, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo. Foi ministro da Justiça no primeiro governo provisório de Deodoro da Fonseca. A ele se deve o estabelecimento do casamento civil. Foi ele que elaborou a base do Código Civil República. Também fez a transição do Código Penal Imperial para o Republicano.
Foi senador pelo estado de São Paulo de 1891 a 96, ano em que renunciou para se tornar presidente/governador do estado de São Paulo. Ainda no senado foi responsável pelo projeto de lei que poderia imputar responsabilidades criminais ao presidente da república. Como presidente/governador de São Paulo, apesar de só ter exercido um ano, o mandato foi marcado pelo um surto de febre amarela na cidade, uma revolta da colônia italiana, uma onda de linchamento na cidade de Araraquara que ficou conhecida como ‘Linchaquara’ ou ‘Linchamento dos Britos’. Este último episódio foi desencadeado por uma disputa banal entre Rozendo de Britto e um protegido da família Carvalho. Ferveram antigos ódios entre uma facção republicana e uma facção monarquista. Não foi fácil este único ano como presidente/governador de São Paulo.
As eleições de 1º de março de 1898 deram uma vitória esmagadora a Campos Sales sobre Lauro Sodré. Centrou as suas políticas no apoio mútuo entre o governo central e o governo dos estados, estendendo aos governos municipais, favorecendo desta forma o coronelismo que tinha sido instalado. Desta forma conseguiu certa estabilidade política. Tomou sempre os paulistas e os mineiros como principais parceiros fazendo entre eles um rodízio na vice-presidência. Este rodízio ficou conhecido como a ‘Política do café com leite’.
Para conseguir uma estabilidade econômica, Campos viajou a Londres onde conseguiu um empréstimo (funding loan) de 10.000.000 de Libras para ser pago em dez anos, começando o Brasil a pagar a partir do terceiro ano. A garantia ao empréstimo era a receita da alfândega do Rio de Janeiro por onde entravam quase 100% das mercadorias no Brasil.
Esta medida combateu realmente a inflação, mas acabou por levar a falência muitos bancos brasileiros. Como curiosidade, em 1914 e em 1931 o Brasil voltou a recorrer a empréstimos Ingleses.
Campos Sales governou até 1902, mas conseguiu que o seu sucessor fosse eleito com o seu apoio. O conselheiro Rodrigues Alves teve como vice o mineiro Afonso Pena, devido a morte de Silvano Brandão.
Após deixar a presidência, voltou a ser senador por São Paulo. Campos Sales também diplomata em Buenos Aires.
Faleceu em 28 de junho de 1913, quando passava por graves necessidades econômicas.
“Outros deram à minha política a denominação de “Política dos Governadores”. Teriam acertado se dissessem “Política dos Estados”. Esta denominação exprimiria melhor o meu pensamento! |
—Campos Sales |
João Abreu é natural de Angola, mas tem nacionalidade portuguesa. Ele reside em Caratinga e é empresário com formação em Marketing.
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