Estudantes e educadores discutiram os problemas da escola e as estratégias para tornar o espaço educativo mais atrativo
CARATINGA – Estudantes e professores de escolas estaduais de municípios que integram os Territórios Vale do Aço participaram ontem de uma roda de conversa do movimento Virada Educação Minas Gerais (VEM), em Caratinga. Centenas de pessoas se reuniram durante todo o dia (de 9h às 17 h) para discutir os problemas da escola e quais as estratégias possíveis para torná-la mais atrativa, em especial no Ensino Médio. O evento foi realizado no Centro Universitário de Caratinga (Unec), Unidade II.
O foco da Virada é o adolescente entre 15 e 17 anos. O movimento iniciado pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE) quer trazer o adolescente que está fora da escola de volta aos estudos. E também aproximar a escola do universo do adolescente, a partir do envolvimento de vários atores sociais que podem contribuir para a melhoria do ambiente escolar e do desenvolvimento intelectual e humano do estudante: pais, artistas, comunidade do entorno da escola, associações, educadores e o próprio adolescente, dentre outros.
A abertura do evento contou com a participação de professores, especialistas e estudantes da região. A mesa principal foi composta pelo reitor do Unec, professor Antônio Fonseca; pela diretora da 6ª Superintendência Regional de Ensino (SRE), Landislene Gomes Ferreira; pela superintendente de Ensino de Coronel Fabriciano, Maria da Penha Silva Marques e pela representante da Secretaria de Estado de Educação, Gláucia Aparecida Vieira.
Os participantes foram recepcionados pelo professor Antônio Fonseca. Ele destaca a importância do evento. “Esta é uma grande oportunidade de participação e ideias. É uma satisfação recebê-los. Tenho uma história com esta Superintendência Regional de Ensino. Foi e é a minha casa. Este é um momento muito importante, de conversar um pouco mais sobre educação, dar opiniões. Sabemos que o caminho a ser trilhado pela educação não é uma coisa tão simples. É preciso ter vontade e desejo. Tem que fazer o que gosta e gostar do que faz também”.
Landinha destacou que a intensa movimentação em Caratinga traz expectativas de otimismo, principalmente devido à contribuição dos estudantes. “Sentimos honrados em recebê-los. É um momento ímpar para a educação, onde todos são ouvidos e convidados a participar de políticas educacionais para os jovens. Este momento já aconteceu e vai acontecer em outras cidades, por uma educação de qualidade. O aluno que veio aqui hoje tem uma responsabilidade muito grande. Temos aqui até um aluno representando outros mil. Eles farão muita diferença. Professores e especialistas presentes querem viver a educação junto com estes jovens.”.
A diretora da SRE de Caratinga ainda destaca que a evasão escolar tem sido um grande desafio para os educadores. Ela acredita que unir professores e alunos se torna um facilitador neste processo. “A nossa preocupação é o número de jovens fora da sala de aula. Estamos buscando meios e acredito que o principal é esse, ouvindo alunos e professores. A escola deixou de ser interessante para alguns e queremos que ela volte a ser atrativa para o aluno. Vamos fazer essa roda acontecer também na sala de aula. A nossa meta maior é trazer quem está lá fora para dentro da escola e permanecer com o aluno que está lá dentro”.
Maria da Penha, da SRE de Coronel Fabriciano, fez questão de destacar que é caratinguense e falou sobre a valorização dos professores. “Sou desta terra, aqui estudei. Passei pelas escolas Engenheiro Caldas, Nossa Senhora do Carmo e CNEC. Aqui formei também e passei a trabalhar em zona rural. Casei e fui para o Vale do Aço, cidade que acolheu, mas ninguém esquece sua origem. Meus professores dos anos iniciais marcaram a minha vida. Aqui me descobri como educadora. Todos que estamos presentes a este encontro tivemos um professor, toda profissão depende de um professor”.
VIRADA EDUCAÇÃO
Por meio de dinâmicas, discussões em grupos e apresentações, os adolescentes reunidos na roda de conversa são chamados a dizer o que a escola tem de bom e o que falta nela para cumprir o papel que eles consideram importante. Os professores também respondem questões pertinentes à escola. A iniciativa da Virada aposta que os adolescentes e educadores poderão ser protagonistas das mudanças que possam ocorrer no Ensino Médio.
Representando a SEE, Gláucia Aparecida ressalta que o evento de Caratinga pode ter sido o segundo maior de Minas Gerais até o momento, perdendo somente para o de Belo Horizonte. “Estou muito emocionada com tanto acolhimento e surpresa com a quantidade de participantes. Estamos felizes de pensar nessa parceria, esse modelo de construção coletiva professor/aluno. Isso é movimento, é a mobilização que precisamos pactuar para trazer esses jovens, considerando um diagnóstico que nos preocupa. Precisamos fazer alguma coisa e salvar esses adolescentes. Nós não temos fórmula mágica, por mais haja equipe qualificada. Sabemos que não exige receita diante de um estado tão diverso, mas queremos contar com todos. Também sou professora e por isso acredito que temos que fazer a diferença na vida destes jovens”.
A participação dos estudantes e professores não é obrigatória. Para estas rodas, a SEE conta com o apoio do Unicef, que desenvolveu a metodologia e irá levar o movimento para outros 84 municípios do semiárido do Estado de Minas Gerais que fazem parte do projeto Selo UNICEF.
Com a intenção de ser um movimento contínuo, a Virada terá um momento de encontro e celebração, que vai acontecer no dia 19 de setembro, quando as escolas estaduais vão realizar debates, exibições de filmes, curtas-metragens e apresentações artísticas e culturais, dentre outras iniciativas a serem programadas pelas próprias escolas.
A Virada teve inspiração no evento de mesmo nome realizado ano passado na capital paulista pelo movimento Entusiasmo. Entre os parceiros da Virada Educação Minas Gerais estão o Programa Cidadania dos Adolescentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Fórum da Juventude da Grande Belo Horizonte, Oficina de Imagens, Internet sem Fronteiras, Associação Imagem Comunitária e Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, dentre outros.