* Henrique Fonseca Genelhu Soares
Até mesmo os mais otimistas tucanos não apostavam no resultado do primeiro turno das eleições para presidente. Aécio Neves surpreendeu a todos, inclusive analistas políticos que acreditavam que o mineiro já estava praticamente fora da disputa.
Entretanto, se mudarmos um pouco o nosso ponto de vista, é possível encontrar a normalidade da reviravolta na corrida eleitoral. Apenas o discurso da falta de lógica na política, não cola. Se pensarmos bem, este cenário repete a velha disputa, entre petistas e tucanos, do começo da corrida em julho. Se deixarmos de lado a ascensão de Marina Silva e sua queda na mesma velocidade, o resultado não surpreende.
A nova política de Marina, símbolo da mudança, atraiu a atenção do eleitor durante boa parte da campanha. Mas, a quebra da polarização PT/PSDB não ocorreu e o eleitor volta às urnas no dia 26 para escolher entre os dois partidos, como acontece há 20 anos.
Como explicar a desidratação de Marina Silva na reta final? Apenas a série de ataques contra a candidata, especialmente do PT, não justifica a queda. O que podemos presumir é que Marina foi, por um tempo, a tentativa esperançosa dos eleitores em formar um consenso de quem seria capaz de derrotar Dilma.
É fato que a campanha do segundo turno já começou. O mercado financeiro comemora. O resultado de domingo animou investidores: o dólar caiu, a bolsa de valores subiu e as ações das empresas estatais recuperaram um pouco o fôlego. Todo o sofrimento do mercado nas últimas semanas poderia ter sido amenizado se as pesquisas de opinião tivessem sido mais fiéis ao que as urnas revelaram. Enquanto Dilma subia nas pesquisas, o dólar encostou-se a R$ 2,50!
Há uma incerteza por parte dos investidores quanto ao futuro do país. A vitória de Aécio indica uma mudança na condução da política econômica do Brasil. Já a reeleição de Dilma poderia aumentar os desequilíbrios que enfrentamos hoje, como baixo crescimento e a inflação alta.
Se a nova corrida for o espelho do que aconteceu na primeira etapa, a disputa será dura. Segundo analistas, esse novo período será marcado por ataques e a volta de temas como a economia e corrupção. Mas, não sabemos ainda de que forma a Dilma e Aécio vão atuar agora. O fato é que, na campanha para segundo turno, em vez de apontar o dedo, os candidatos deveriam começar a apontar soluções.
* Henrique Fonseca Genelhu Soares é Mestre em Economia pelo Ibmec-RJ e economista pela UFJF. Atua como Professor dos cursos de Economia, Administração e Ciências Contábeis da Unec – Centro Universitário de Caratinga.